A manhã é que já é outra, pois a anterior ficou no ontem, e hoje...
Ah, hoje é o inferno!
Ah, hoje é o inferno!
Vago lentamente pela casa.
A cozinha branca e cheia de coisas está vazia, apenas eu a habito.
A cozinha branca e cheia de coisas está vazia, apenas eu a habito.
Tomo apenas um café pequeno, pois fome de verdade já não mais tenho.
Caminho em direação à sala. Subo as escadas agarrada no corrimão!
Como doem as pernas, meu Deus! Como dói o coração...
Do meio para frente já fico ofegante, e suo como uma porca velha.
Não apenas pelo cansaço, mas por me aproximar daquele bem-dito quarto.
Abro lentamente a porta.
Na verdade não a abro já de início!
Agarro a maçaneta e sussurro algo pra Deus...
Agarro a maçaneta e sussurro algo pra Deus...
Giro com a mão direita, e ao ritmo do giro da maçaneta gira minha cabeça.
E lá estão tuas coisas, meu amor. Todas, desafortunamente, no mesmo lugar!
Como me arrependo de um dia ter desejado as coisas em ordem.
Queria mesmo é vê-las de "pernas pro ar", mas o único ar no recito é o de silêncio.
Tiro a poeira de alguns livros.
Em alguns deles ainda sinto teu cheiro e vejo teus rabiscos inocentes.
Oh, meu Pai, de veras eu sinto algo indescritível. Tenho ganas de atirar-me janela abaixo!
Mas por que puseste teu retrato bem na cômoda que antecede a persiana?
Sinto como como se me olhastes... Sinto-me embaraçada mais uma vez.
Sinto como como se me olhastes... Sinto-me embaraçada mais uma vez.
Finda minha romaria.
Despeço-me em mil pedaços e volto para a cadeira de balanço do terraço.
Despeço-me em mil pedaços e volto para a cadeira de balanço do terraço.
Vigio novamente o portão da casa.
Mas ele não se abre, tu não voltas e essa guerra que não acaba!
Gleydson Góes
Nenhum comentário:
Postar um comentário