segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pesado Demais...


Ando pegando pesado demais, às vezes.
Levo tudo muito à sério.
Gasto tempo pensando demais.
Ando envelhecendo semanas em dias, eu creio.
Ando perdendo o brilho da Lua, vez em quando.
Choro por todos, por tudo e por nada.
Não consigo deixar essa mania de sentir as dores de tudo.

Ando pegando pesado demais, às vezes.
Meus algozes desfrutam de paz interior?
Como conseguem? Digam-me, por Cristo!
Como são capazes de brindar sob tão forte chuva de sangue?

Eu ia caminhando e entregando panfletos.
De repente, de longe avisto um grande ídolo:
Um pensador de minha cidade, cujas palavras me emocionaram muitas vezes.
Ele parou no tempo, por um momento, fitou-me e disse:
"É debalde!"
"Como assim 'debalde'?", perguntei.
E ele insistia com pesares no olhar:
"É debalde, filho".

Deixei-o ir.
Por instantes senti-me impotente,
Sem fôlego e com medo.
Logo ele que me pregava as dádivas de Brecht:
"Lutai, lutai, sem cessar! Nada é impossível de mudar!"

Eu mesmo assim continuei pegando pesado.
Livros me engoliam,
Eu não mais os lia... Era tipo "osmose" nossa relação.

Acho que preciso apagar a luz novamente,
Deixar Chopin ninar esse "coco oco" quente.
Quem sabe preciso deixar as janelas abertas novamente.
Às vezes chove e molha aqui dentro de mim.
Daí eu vou dormir pensando que amanhã poderá ser tudo diferente,
E que nosso tempo chegará em breve!
O tempo em que temeremos menos o Apocalipse de nossa era sombria.
O tempo em que a dor alheia não será mais atrativa, na hora do almoço.

Tempo...
O tempo tudo arruma e tudo desfaz.
Entrego-me em seus braços,
E que ele faça o que bem entender de mim.

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