segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O que meu VEM Estudantil tem a ver com Halloween?

Hoje fui emitir o meu VEM Estudantil.
Ao chegar na praça, na rua do hospício, lanchei. Depois disso procurei um lugar para escovar os dentes e lavar o rosto antes da foto que seria usada nesse cartão.

Procurei algum restaurante ou bar por perto com banheiro, mas não encontrei.
Então eis que avistei uma velha igreja imponente e histórica, logo após a praça! Sem dúvida deve haver banheiros lá.

As portas estavam abertas e algumas senhoras faziam orações. No lado esquedo havia um portão elétrico (com defeito) permanentemente aberto. Algumas motos estavam estacionadas portão a dentro, no que me parecia uma espécia de beco.

Havia uma venda de flores à esqueda (nesse "beco") e mais adiante a secretaria da igreja, bem como uma outra entrada que dava no sub-solo.

"Siga em frente, desça a escada e vire à esquerda", disse um senhor magro de bigode, trajando calça de seda azul apertada com um cinto preto.
Ao seguir as instruções, encontrei um banheirinho de cerca de 1,0 x 0,80 m. Antes de descer todos os degraus acendi a luz.

A água da torneira de plástico de cor branca com tampa preta, perdia a pressão se mantida ligada o tempo todo. Daí, eu desligava a torneira e deixava a pressão voltar a fornecer-me a água que usava em minha profilaxia dentária, bem como para remover o sabão do rosto.

Achei estranho o vigilante não ter me procurado. Demorei bastante lá em baixo.

Ao voltar, percebo diversas gavetas com fotos e flores. Mais pareciam com as gavetas de arquivos que tem no escritório onde trabalho. Haviam lápides! Me assustei um pouco. "Meu Deus, tem um cemitério aqui nas instalações da igreja, é?"

Pude ver diversos "jazigos perpétuos " de famílias, inclusive um estava à venda por R$ 2.000,00, conforme anúncio que li num quadro de avisos de madeira. Mas o preço, na verdade, foi revelado por um senhor de boné que comecei a interrogar sobre a sistemática dos jazigos e a comercialização dos mesmos. Achei interessante... Curioso.
Deu vontade de rir quando ele deu uma palmada no anúncio do quadro e disse, masclando um chiclete: "dois mil conto, é só ligar nesse número aqui, oh!"

"Pensando bem, acho que vou comprar meu Black Berry primeiro", ria comigo mesmo meneando a cabeça como se achando minha piada besta.

Adentrei quase todos os anexos para ler o que havia escrito nas lápides. Haviam flores artificiais, miniaturas de anjos e santos, fitas com inscrições à caneta e marcador permanente, flores de verdade e fotos antigas.

Alguns jazigos eram grandes e bem desenhados, datando de cerca de 200 anos atrás! Acho que pertecem a descententes de algum senhor de engenho ou comerciante rico da época.

Algumas lápides datavam de 1930, 1972, 1960... "Essas pessoas morreram quando nem havia nascido! Se quer pensado em nascer!", trocava idéia comigo mesmo.

Depois de muitas voltas, avistei de longe uma senhora que aparentava uns 68 anos, trajando saia longa sem estampa, portando uma bolsa de couro - relativamente grande, de cor verde - e uma bolsa de plático com diversas velas brancas.
Me fiz esconder por trás de uma coluna para observá-la. Ela tirava vela a vela de dentro da bolsa, acendia primeiro o pavil, e depois derretia um pouco o fundo delas para poder colar numa espécie de "porta-velas" de cimento. Após repetidas vezes, ajeitava os óculos que escurregavam, suspirava uma presse com ar de tristeza e "colava" umas velas mais.

Fui caminhando ao seu encontro, desfarçadamente. Pensei cumprimentá-la, mas achei que seria incômodo. Daí uma outra senhora passa muito apressada com algumas velas e lhe dá um "boa tarde". Ela responde educadamente com um ar de "franciscana" na cara: "Boa t
arde, querida!"Itálico
Ao sair, li o último epitáfio de mais de 70 anos que dizia: "Saudades eternas!" Pensei comigo: "será que esta saudade esterna ainda existe em alguém depois de tantos anos? Como pode ser denominada 'eterna' se ninguém nem lembra mais de nada?"

Ao chegar ao prédio super lotado e extremamente quente do VEM, cujas instalações pareciam mais improvisadas que um stand up comedy, lembrava meu "passeio" e notava as pessoas vivas apressadas e afobadas, como de costume, que corriam para lá e para cá...
Ri comigo mesmo quando cheguei a conclusão que corremos tão segamente para nos tornarmos "uma saudade eterna que um dia se perde no tempo e no espaço".



Happy Halloween!


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