quarta-feira, 17 de abril de 2013

Os Subalternos


Os subalternos olham para os Céus e imploram perdão por existirem; simplesmente existirem.
Os subalternos olham pra seus semelhantes e pedem perdão por serem inferiores, menos abastados ou mais ignorantes, e imploram perdão por existirem.
Os subalternos ficam sempre à espera: esperam que Deus faça algum milagre, que o governo faça algum milagre, que a família seja caridosa e que seus semelhantes sejam bonzinhos, ou que pelo menos desenrolem um troco.
Os subalternos não são nem quentes, nem frios: são mornos!
Eles causam ânsias de vômitos em Deus, no diabo e em qualquer coisa que respire ou seja fruto do imaginário humano.
Eles não conseguem definir um norte. 
Eles correm como baratas tontas e buscam a escuridão, a incomunicabilidade, o desespero interno que alude a um suicídio que mais parece uma masturbação que nunca atinge ejaculação alguma, nem mental.
Os subalternos são o que Cazuza chama de "pessoas que tão no mundo e perderam a viagem".
Não sabem que caminho traçar. Não se preocupam com a evolução da cabeça e do espírito, que é uma consequência da evolução da cabeça, e vice versa.
Os subalternos me causam dó, pois estão em um poço de lodo verde desgraçado, muito perto de se afogarem, e nem ao menos tentam se levantar para perceberem que o famigerado lodo - de que tanto reclamam - está ao nível dos seus joelhos, apenas!
Meu sonho é que em todo e qualquer subalterno nasça um guerreiro de luz cheio de coragem pra viver ou para morrer, pois vegetar é o pior status imaginável para um ser humano.

                                                                                                                                 Kurt Spörk

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